Há quem o faça por vingança,
Dinheiro e por louco instinto.
Tudo consome enquanto avança,
E o bosque recua até ser extinto.
Casas envoltas em chamas,
Inocentes sem roupa ou rumo.
Muitos não dormirão em camas
Com a esperança detrás do fumo.
Anos de subsistência queimados
Os momentos são de desespero.
Legados pelo fogo são levados,
Narrá-lo um inferno não é exagero.
Céus azuis revelam-se cinzentos,
A noite não chega perante o clarão.
Há bombeiros sem equipamentos
Deitados no solo pela exaustão.
São mais que catástrofes naturais,
É o nosso puro e simples abandono.
A terra precisa de cuidados anuais
Mesmo que não ela tenha um dono.
As governações são mal feitas,
Temos que limpar os terrenos.
Entre matos, árvores e colheitas
Para se usar há cada vez menos…
Meios e números são insuficientes,
E homens corajosos também caem.
As políticas mais que deficientes
A natureza e o próprio país traem.
Verde transformado em castanho,
Por uma gestão da floresta inimiga
Na face de um desastre tamanho,
Justiça existe mas já não castiga.
Ardem lares e gentes de vermelho,
Tanta destruição os animais afasta.
Lágrimas correm em cada conselho,
Mas não contam para a água gasta.
As comunicações são ineficazes,
Chegam tarde as ajudas solidárias.
Com a falta de mudanças capazes
No fim as resoluções são temporárias.
Trocas de aviões e bolsos cheios,
Muitos interesses sem fim à vista.
Anualmente fazem-se torneios,
Contra os incêndios e não lobistas.
Labaredas o meio regeneram
Mas não salvam as nossas falhas.
A ver se estas mentes alteram,
Mais soluções e menos medalhas!
Mauro Hilário