As Sextas… com a Margarida, surgiu de uma das conversas com o meu amigo Cláudio.
O Cláudio além de um bom amigo é mágico, tem o poder de fazer acontecer, aliado a um coração grande e generoso.
Não estou a exagerar e quem conhece o Cláudio sabe que não minto, mas não posso deixar de agradecer a oportunidade.
Às sextas …com a Margarida é um espaço onde as crónicas, os artigos de opinião, as reportagens, os poemas…os pensamentos não são apenas um post.
A ideia será criar uma cumplicidade entre quem lê e quem escreve, podem assim deixar as vossas sugestões nos comentários do post que lerei com todo carinho. Todas as opiniões são importantes para ajudar a construir esta rubrica e conto convosco.
Hoje deixo-vos um poema da minha autoria .
Obrigada
No tempo em que as pedras falavam,
os corpos eram simples luz.
Sempre que os corpos se tocavam,
nascia um novo planeta e com ele, uma lua nova.
No tempo em que as pedras sentiam,
as palavras não existiam.
Eram simples acordes de musica,
que faziam o universo dançar.
Do tempo em que as pedras viam,
ficou o oráculo, onde inscreveram os nossos nomes.
Todos os que já tivemos e teremos,
até ao fim de todos os tempos.
Mas veio o tempo,
em que as pedras calaram a sua sabedoria,
para que os corpos se tornassem matéria tangível.
Assumiram os dons das pedras,
mas esqueceram o seu nascimento de luz.
Apenas o sol e as estrelas do céu,
os recordam docemente, desse estado de alma.
Quando os nossos corpos se tocam na noite fria,
são brasas incandescentes que crepitam ao luar.
Percorres o meu corpo com as tuas mãos,
devagar, como se de brisa se trata-se incendiando a terra escura e virgem.
Como um vulcão adormecido acordas-me devagar até à explosão, até o magma descer as colinas...
Sem pressa ou devaneio, como as águas cristalinas das fontes, bebes sopro de vida que vibra em mim.
Um doce encantamento...na terra dos sentidos.
Fecho os olhos, apenas para te poder sentir.
Para poder partir e chegar aos teus braços como se da primeira vez se trata-se...
Fecho os olhos e confio.
Deixo que me leves pelas pedras de sonho, que com o passar do tempo se transformam em areia fina e brilhante.
A areia que abraça o mar ...o mar que beija a areia... arde e queima ...por momentos somos luz, nasce um novo planeta e com ele uma lua nova.
Por momentos as pedras falam, vêm e sentem e dentro de nós um turbilhão como se tudo volta-se ao principio dos tempos.
Foto : Luis Concha