domingo, fevereiro 08, 2009

Uma impressão da Albânia


Por razões profissionais, desloquei-me recentemente à Albânia. Das impressões que colhi da viagem, uma marcou-me profundamente.

A Albânia foi durante muito tempo designada como o primeiro Estado oficialmente ateu do mundo. Talvez em nenhum outro país a perseguição religiosa tenha chegado tão longe. Ao contemplar Tirana, a sua capital, notei a ausência dos edifícios de culto (igrejas, mesquitas ou outros templos) que estamos habituados a ver em qualquer cidade, além do mais como relíquias do seu património histórico. É que – vim a saber - esses edifícios foram todos destruídos no período comunista, à excepção de uma pequena mesquita do século XVIII.

Pois este mesmo país encontrou agora, não num político ou num guerreiro, mas em Madre Teresa de Calcutá, que aí nasceu, a sua heroína nacional, o seu verdadeiro ex libris. O aeroporto internacional de Tirana tem o seu nome, como tem o seu nome uma das praças centrais da cidade (e como tem o nome de João Paulo II uma das ruas principais).

A sua figura tem lugar de destaque no Museu de História Nacional e a sua imagem prolifera entre os souvenirs destinados aos turistas (certamente que ela nunca terá pensado que isto viesse a suceder, nem teria dado autorização para tal, se esta lhe tivesse sido pedida).
Também me impressionou o número e o fervor dos jovens presentes nas celebrações litúrgicas da catedral, um edifício construído recentemente de raiz.

Tudo isto me fez reflectir sobre uma verdade do cristianismo: a de que não há morte sem Ressurreição. O martírio nunca deixa de ser fecundo («o sangue dos mártires é semente de cristãos»- já se dizia na Antiguidade»). Disto nunca podemos esquecer-nos, especialmente quando, diante dos males do mundo de hoje, nos assalta a tentação do pessimismo.

Pedro Vaz Patto