quarta-feira, dezembro 24, 2008

BENTO XVI: CRISE ECONÓMICA PODE AJUDAR A VIVER NATAL MELHOR


Bento XVI explicou nesta quarta-feira que o Natal «corre o risco de perder seu significado espiritual» e que a actual crise económica «pode ser um estímulo» para descobrir seu verdadeiro significado.

O Papa explicou o sentido desta «festa cristã universal», na qual «inclusive quem não se professa crente, de facto, pode perceber nesta celebração cristã anual algo extraordinário e transcendente, algo íntimo que fala ao coração», na catequese da audiência geral celebrada na Sala Paulo VI.

O Natal, afirmou, «é a festa que canta o dom da vida», o encontro «com um recém-nascido que chora em uma gruta miserável».

«O nascimento de uma criança deveria ser sempre um acontecimento que traz alegria» – acrescentou o Papa – e, contudo, não sempre é assim.

«Como não pensar em tantas crianças que ainda hoje vêem a luz em uma grande pobreza, em muitas regiões do mundo? Como não pensar nos recém-nascidos não acolhidos e rejeitados, nos que não chegam a sobreviver por falta de cuidados e atenção? Como não pensar também nas famílias que desejaram a alegria de um filho e não vêem realizada esta esperança?»

Neste sentido, o Papa pediu aos cristãos que no Natal «não pensem só em si mesmos, mas que se abram às expectativas e necessidades dos irmãos».

«Desta forma nos converteremos também em testemunhas da luz que o Natal irradia sobre a humanidade do terceiro milénio», uma luz «capaz de transformar nossa existência».

Neste sentido, afirmou, a actual crise económica pode ser um momento oportuno para redescobrir o significado desta festa, já que, «sob o impulso de um consumismo hedonista, infelizmente, o Natal corre o risco de perder seu significado espiritual para reduzir-se a uma mera ocasião comercial de compras e troca de presentes».

«As dificuldades, as incertezas e a própria crise económica que nestes meses tantas famílias estão vivendo, e que afecta toda a humanidade, podem ser um estímulo para descobrir o calor da simplicidade, da amizade e da solidariedade, valores típicos do Natal.»

Então, concluiu, «despojado das incrustações consumistas e materialistas, o Natal pode converter-se assim em uma oportunidade para acolher, como presente pessoal, a mensagem de esperança que emana do mistério do nascimento de Cristo».

«Fez-se pequeno para libertar-nos dessa pretensão humana de grandeza que surge da soberba; encarnou-se livremente para fazer-nos verdadeiramente livres, livres para amá-lo.»

No natal confluem, portanto, dois caminhos, sobre os quais o Papa convida à reflexão nestas festas: «por um lado, o dramatismo da história na qual os homens, feridos pelo pecado, estão permanentemente buscando a felicidade e um sentido satisfatório da vida e da morte». E por outro, «a bondade misericordiosa de Deus, que saiu ao encontro do homem para comunicar-lhe directamente a Verdade que salva e torná-lo partícipe de sua amizade e de sua vida», concluiu.