quinta-feira, março 06, 2008

Filme da Semana : The Darjeeling Limited, de Wes Anderson


The Darjeeling Limited baseou-se em duas coisas fundamentais; o retrato magnificiente de uma Índia e uma construção profunda das personagens, também ela magnificiente. Depois de uma carreira curta como realizador, Wes Anderson entrega-se a um projecto que nos apaixona pela sua simplicidade e diferença

.As texturas, as cores e os diálogos vão construindo um mundo ilimitado de amizade e família, de aprendizagem e silêncios, e acima de tudo de percepção de realidades num mundo que parece afogado em misticismos e contos de fadas. Com paisagens belíssimas, The Darjeeling Limited tornou-se facilmente o meu filme preferido de Wes Anderson desde sempre.Adrien Brody, Jason Schwartzman e Owen Wilson são magníficos. Na verdade tenho de dar relevo a Wilson por me impressionar bastante com a sua presença, revelando-se um outro actor com novas limitações daquele que nos foi habituando.

Com uma procura igual mas levada tão diferentemente, as personagens vão-se perder delas mesmas para encontrar o equilíbrio, a importância da irmandade e no fundo encontrarem-se como um só.Com uma curta metragem que antecede ao filme, Wes Anderson introduziu o relato que se seguiria, a história intima de um dos irmãos.

Com Natalie Portman, os poucos minutos que duraram serviram para que durante a longa conseguíssemos idealizar as opiniões dos irmãos, mas suportar a dor de Schwartzman.Wes Anderson vai assim desfiando o filme entre tristezas e alegrias, entre um drama sempre presente e situações que se proclamam cómicas, marcam, como já foi pegado em The Life Aquatic With Steve Zissou, a procura incessante de um caminho, de um retorno às coisas puras, de um rumo que os torne mais espirituais, e assim mais unidos. Com uma banda sonora magnífica e um elenco e fotografia quase mágicos, The Darjeeling Limited é um filme bonito que vale a pena ver.Um retrato de pessoas danificadas com humor e compaixão, levam a que este filme supere uma expectativa inicial. Sem ironia nem máscaras a dor está à vista.

Penso que acima de tudo esta é a primeira vez que Anderson o faz, e talvez seja por isso que no fim a única coisa que persiste é um sorriso nos lábios. Sem dúvida alguma que é uma viagem que vale a pena.

Madalena Tavares