segunda-feira, fevereiro 12, 2007




Caro amigo leitor,

Sinto-me hoje profundamente triste.
Ontem, em Portugal a maioria dos Portugueses que votaram permitiram que a simples pedido da mulher, ela possa até as 10 semanas abortar. Isto é, que a tal nova lei de que se fala irá ignorar deliberadamente, sem apresentar razões a ponderar para tal, que o valor da vida dos não nascidos até as 10 semanas, que ainda não tem voz, possam reclamar o direito dos direitos: o direito a nascer e à vida.

Quero agradecer a todos que comigo trabalharam e se empenharam nestes dias árduos de esclarecimento para o referendo sobre a liberalização do aborto. Gosto muito de vós e admiro-vos muito. A minha vida, a das pessoas que por nós passam é maior e melhor porque existimos e porque voluntariamente nos batemos pela verdade e pela vida com abundância para todos.Comove-me pensar nestes dias passados e ver todos os rostos daqueles que vivem quotidianamente o grande desafio da defesa e da protecção da vida em todas as suas etapas e circunstâncias e que se exauriram num trabalho de dia e de noite para defender o que já vivem e o que ajudam outros a viver, sem qualquer interesse pessoal, sem discussões abstractas e com simplicidade, numa batalha desigual contra os 9 anos de preparação das consciências para o falso alarme legislativo e judiciário e contra a máquina pesada de partidos, do Governo e da maioria da Comunicação Social.Sinto-me triste e revoltado pela liberalização do extermínio de inocentes, pelo sofrimento e solidão das mulheres atiradas para a legitimação social do aborto «limpo» e pelo relativismo ético na sociedade actual.
Porém, não pararei no trabalho convicto de contribuir para robustecer uma cultura de vida para todos contra uma cultura fria e mecânica de eugenia de comportamentos. Não pararei nos esforços de não deixar propagar a Caixa de Pandora que ontem foi aberta. Sabemos que a morte não tem a última palavra.
Volto com muita alegria para o meu trabalho social para os meus meninos de rua, os meus meninos abandonados onde estão tantos dos tais filhos indesejados e abandonados a quem algumas vozes não reconhecem o direito de viver. Não esqueço essas crianças que me pediam a semana passada o direito de votar contra a liberalização referendada, poderão sair grandes homens e mulheres de paz profunda, que vêem mais longe e que não se resignarão.
Termino partilhado um artigo por mim, escrito a alguns anos atrás, em que mais uma vez se prova que “Vale a pena Viver”.
A luta pela vida vai continuar!

“ Nada acontece por acaso “
(Sabedoria popular)

Durante estes últimos anos aconteceram, na minha vida, histórias muito interessantes.
Sem olhar a datas e a ordens, tirei o meu caderno da gaveta, e compartilho convosco, amigos leitores, três histórias reais que me fizeram cada vez mais lutar pelo o direito à vida e contra a legalização da Eliminação Voluntária da Gravidez
Aqui ficam:

Cheguei agora a casa; as minhas mãos ainda tremem.
Tremem porque hoje de manhã, depois de dar catequese a um grupo de jovens que acompanho há nove anos, uma senhora, na casa dos seus setenta anos, dirigiu-se-me, à porta da igreja, quando ia para a missa.
Lembro-me da sua face, marcada pela caminhada da vida, e dos seus olhos bem azuis, olhou então para mim, agarrou-me nas mãos e perguntou: “ É você o Cláudio Anaia”?
Espantado e sem estar à espera, disse com um sorriso : “ Sim, sou eu....” ... Então, com uma calma espantosa, aquela senhora disse-me: “Parabéns,, você é um defensor dos bebes .. !! “
Não reagi.... apenas agradeci à senhora e pedi que rezasse por mim.
Às vezes, nós que escrevemos e damos algumas opiniões em público, não temos bem a noção de que o que dizemos ou escrevemos é ouvido e lido por pessoas que nunca vimos, nem conhecemos.
Estes pequenos apoios são fundamentais, quando cada vez mais sou criticado e levantam falsos testemunhos sobre mim, apenas porque optei pela a VIDA, contra o Aborto.
Não tem sido fácil esta cruzada que escolhi como missão... mas saber que existe pelo menos uma pessoa que está a torcer e reza por mim.... para alguns não é nada, mas para mim é reconfortante. Embora politicamente possa ter hipotecado uma possível carreira política, sinto que com estes pequenos exemplos, Deus me mostra que conta comigo. Ganhar, não ganho nada, mas fico com a alegria de saber que existe uma idosa que nunca vi, me agarra nas mãos e me incentiva a lutar pelo o Dom mais bonito de todos.


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“ Cláudio , Cláudio .. estou grávida “: era assim que uma amiga gritava no meio da estação de metro da Baixa - Chiado. Olhei para trás e retribuí a sua alegria com um beijo e um abraço.
A correria das horas de ponta fez com que apenas trocássemos dois dedos de conversa, e cada um seguiu o seu caminho.
A caminho do metro parei e pensei:
Quantas vezes, nestes últimos dois meses me encontrei com esta rapariga, e na meia hora de barco Barreiro – Lisboa falávamos abertamente sobre o Aborto. Ela pela a legalização, com aqueles argumentos já conhecidos, e eu sempre pela a Vida dizendo que abortar não é correcto.
Houve dias que até levava, livros, panfletos e objectos para mostrar como ela estava errada e que cada mulher que está grávida transporta dentro de si uma vida.
Na verdade, ela também estava grávida e com dúvidas, e eu não tinha conhecimento desse facto!
Felizmente ela tomou a opção de seguir em frente e ter a criança apesar de estar em situação financeira difícil e ser solteira.
Sem saber, tive influência na vida daquela minha amiga e do seu bebé...
Ontem vi-a de novo, e sem me deixar falar disse: “ Nasce em Dezembro.... vai ser a melhor prenda de Natal da minha vida ...”
Valeu a pena!

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Tinha sido convidado para um debate sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez: não correu bem; a maior parte das pessoas no auditório era a favor, nas perguntas e respostas com a assistência cheguei a ser ofendido, disseram :: “ Você é um “papa hóstias” que não sabe o que defende.”.. e poucas pessoas vieram em minha defesa. Não gostei muito desta troca de palavras, e daquela opinião generalizada de que ser contra o Aborto é “ ser antiquado.....”
Estava desejoso de me ir embora, logo que acabasse o debate; agarrei na minha pasta e papéis, despedi-me de algumas pessoas e ia sair em jeito de corrida ...... mas de repente, vejo um homem , de andar meio torcido, a vir na minha direcção, com uma voz meio estranha e que se arrastava e afirmou : “ Ainda bem que existem pessoas como o senhor! “
Estranhei. Cumprimentei, aquele homem que visivelmente era deficiente físico: tinha uma perna meio torcida para dentro e um braço muito parado.
E perguntei: “ Mas por que me diz , isso caro amigo ?? “ Ele respondeu...depois de uma pausa : “Porque graças a pessoas como você é que sou uma pessoa feliz , com uma profissão, com uma mulher que me ama, e uma filha de 2 anos , linda ! “
Na altura, com a pressa, não percebi bem e disse: “ Ok, ainda bem.......”
Só alguns momentos depois, quando ia a entrar no autocarro, é que relacionei: eu, naquele debate, tinha sustentado que a vida deve ser defendida em todas as situações, mesmo naquelas em que há deficiências. Aquele homem que me tinha abordado estava referir-se a ele, à história da sua vida.
Sem dúvida, um debate que não me tinha corrido bem e que tinha sido uma das maiores provas de força para convictamente defender o Dom mais bonito: “ A Vida “


Deixo aqui estes três testemunhos reais, para que antes de formar a sua opinião, pense nestes exemplos, três histórias reais da minha vida !


Barreiro, 12 de Fevereiro 2007

Cláudio Anaia
Um Português em Movimento na defesa da Vida