Exposição póstuma de Artur Bual, com obras nunca ou
raramente vistas em público
A convite do meu amigo Joaquim Franco (comissário da exposição), fui no passado sábado, pela manhã, até à Amadora ver as obras daquele que é um dos artistas plásticos portugueses que influenciou de forma determinante a arte em Portugal, na segunda metade do século XX. Embora escultor e ceramista, é como pintor gestualista que a sua obra artística é mais reconhecida.
Os trabalhos, que estiveram expostos desde o dia 7 de
Setembro e que terminaram hoje a sua mostra, “sonda, em cinco núcleos temáticos
com a recriação do atelier, a íntima partícula das mais discretas relações de
Bual, pacíficas, tempestuosas, em conflito, por dentro e com os materiais que o
trazem para fora, entre dúvidas e buscas partilhadas com amigos na demanda da
alteridade que tanto o maravilhou e perturbou. Há também contextos enigmáticos
e surpreendentes, como um desenho de 31 de dezembro de 1973, antecipando “1974,
o ano da esperança”, exercícios que anteciparam trabalhos emblemáticos, visões
em binómio de grandes poetas portugueses ou quadros terminados pelos netos. “
“Em Bual, a tela é como um poema, um repositório de
paixão, entre a raiva e a ternura. Não há poeta sem movimento, nem pintor que
não dê movimento às palavras que inquietam, fazendo poesia no derrame da tinta
ou no rasto do carvão. Não basta ver, dando-se quando se partilha, Bual
liberta-se sem ficar totalmente livre e propõe caminhos que precisam de um
olhar exigente, com tempo, quase contemplativo... “
Tive o privilégio de ser conduzido nos dois pisos da Galeria Municipal Artur Bual – Casa
Aprígio Gomes, pelo Joaquim
Franco e a filha do artista, Maria João Bual.
O apontamento musical com guitarra portuguesa ficou a
cargo do Hugo Claro, membro do grupo UDJAT.
Foto ; Pietá