Em declarações a imprensa , Pedro Mexia, o autor do texto deste trabalho, disse : “ nunca fui a Suécia…. “ o que não impediu de o escrever e ser um grande sucesso no mês passado no Teatro Nacional S. João. (Porto).
A peça que vai estar no Festival de teatro de
Almada nos dias 5 e 6 de Julho vai levar-nos ate Setembro de 1976. Depois de
meio século ininterrupto de governação, o Partido Social Democrata Sueco,
embora vencedor das eleições, consegue menos deputados do que o bloco do
centro-direita (liberais, conservadores e agrários), que fica assim na
iminência de chegar ao poder. Egerman, um intelectual sexagenário e amargo, não
esconde o seu contentamento com o fim do consulado social-democrata, que vê
como uma versão suave dos despóticos paraísos do marxismo-leninismo, ao qual
aderira na juventude. Partidário do fim das ilusões, porque já não tem nenhuma,
pretensamente viúvo (na verdade, divorciado), afastado da universidade onde
dava aulas, Egerman decidiu “retirar-se do mundo” e vive numa bela e
melancólica ilha do Arquipélago de Estocolmo. As eleições coincidem com o
casamento de Monika, filha de Egerman, que decorre na ilha.
“Na Suécia dizem que não é preciso distanciamento social, porque isso já é ser sueco”. É público e notório o fascínio do escritor Pedro Mexia por este país escandinavo. Suécia – obra que marca a sua estreia como dramaturgo – joga com a suspeita de que todos temos ‘uma certa ideia’ da Suécia. Uma mitologia controversa, digamos: o país ‘metafísico-angustiado’ dos filmes de Bergman, o paraíso (perdido?) da social-democracia, mas também a pátria do infernal Strindberg ou dos açucarados ABBA. Suécia é um lugar onde se discute sobre a ideia de futuro, o fim das ilusões, as boas intenções. Um lugar onde as linhas de demarcação do político e do íntimo se tornam indistintas.
https://audiencia.pt/pedro-mexia-e-nuno-cardoso-trazem-suecia-no-2o-dia-do-festival-de-almada/