segunda-feira, agosto 30, 2021

António Costa o estratega calculista

 “Na política há coisas que se fazem, mas não se dizem e há coisas que se dizem, mas não se fazem.”  

Carlos Pinto França

 Foi com particular tristeza que ontem assisti pela televisão ao Congresso/Comício do Partido Socialista. 

Sou militante do PS há mais de 30 anos. Recordo-me de vários congressos onde se discutiam moções, ideias e projetos, longe de imaginar que a reunião magna de todos os socialistas seria um dia no mês de agosto, no Algarve, onde muitos delegados se preocuparam mais em ficar na piscina do hotel ou em ir até uma das praias mais próximas. Os congressos dos partidos, hoje, são pouco mais que "reality shows", onde os "grandes líderes" se mostram para as câmaras e os anónimos ficam ávidos de aparecer no púlpito para a foto no Facebook.

 Que saudades tenho de grandes líderes, como os que já tivemos. Saudades de quando se discutia política “à séria”, para se resolver os problemas das pessoas. Mas, voltemos ao congresso, onde o tema era a substituição da liderança e os seus putativos candidatos, onde pouca gente ainda não entendeu que António Costa anda a gozar, ou a brincar, com quem lhe possa fazer frente. Vejam a forma desrespeitosa como tratou Pedro Nuno Santos e apresentou Marta Temido, que recentemente se tornou militante, para líder, não tendo esta afastado essa possibilidade. 

 Sejamos claros, António Costa é um homem de sorte e em todo seu trajeto político, as circunstâncias têm sido favoráveis (até na lamentável "facada" a António José Seguro). No entanto as coisas podem mudar, com cerca de 65 % dos portugueses a desconfiar da eficácia da "bazuca" europeia (https://www.cmjornal.pt/economia/detalhe/maioria-dos-portugueses-desconfia-da-eficacia-da-bazuca-europeia) e as empresas que produzem neste país não estarem a produzir.... 

 O futuro trará surpresas? Não sei. Como temos uma oposição fraca, António Costa pode querer ficar até 2027 ou, então, como só se preocupa com ele e com o seu ego, poderá não se recandidatar ao cargo de Primeiro-Ministro, ao contrário daquilo que dizem os comentadores televisivos, e querer ser candidato a Presidente da República, alongando assim o seu “reinado” até 2036 ?!! A ver vamos…. 

 Este artigo também pode ser visto em: http://www.distritonline.pt/antonio-costa-o-estratega-calculista/