
No seguimento dos seus projetos mais emblemáticos: o TASSE e o CLAII, a Fundação Santa Rafaela Maria foi apresentada ao público nos dias 6 e 7 de Janeiro. Na sexta-feira, houve um Jantar oferecido pela comunidade da Fonte da Prata, com pratos típicos de alguns dos diferentes países donde são provenientes estas pessoas: Cabo Verde, Guiné e Ucrânia. Seguiu-se uma Missa na Igreja Paroquial de S. Lourenço, em Alhos Vedros. No sábado, a festa de apresentação da nova Fundação realizou-se no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira.
Com a sala literalmente cheia, a festa foi apresentada por José Pedro um advogado de profissão que ocupa os seus tempos livres enquanto voluntário em diferentes organizações, que teve um excelente desempenho, muito aplaudido. Na apresentação da nova Fundação, o Padre António Vaz Pinto, sj, jesuíta amigo da Congregação, explicou o papel das obras sociais: compôs o enquadramento da necessidade, pertinência e missão de instituições como as IPSS’s no contexto atual.
“Estamos aqui para comemorar um acontecimento jurídico, político e social, que é a transformação de um projecto numa Fundação para fazer mais e melhor, numa atitude saudável de pôr os nossos talentos ao serviço das necessidades dos outros”, afirmou o Pe. Vaz Pinto.
Sobre o lema da Fundação: “Crescer Com Sentido”, considerou-o feliz, por não significar um crescimento qualquer, mas antes um crescimento que seja factor humanista, que contribua para uma sociedade mais digna, mais humana, mais fraterna. “O importante é que instituições como a Fundação Santa Rafaela Maria saibam congregar boas vontades, espírito de sacrifício, coragem, iniciativa e criatividade para poderem criar oásis de humanidade, num mundo que, por vezes é um deserto de pessoas”, acrescentou. Salientou ainda a importância do voluntariado, sem o qual, muitas vezes, estas obras nem sequer poderiam existir e felicitou as Irmãs, as colaboradoras e todos aqueles que usufruem destes serviçosO orador recomendou para a nova Fundação: Objectivos claros, porque objectivos difusos levam à dispersão e ao fracasso; Confiança uns nos outros e confiança em Deus; A capacidade de delegar, com acompanhamento, para que a delegação decorra bem; Criatividade para pensar em outras e melhores coisas, sem medo de afrontar o futuro. “É fundamental o acompanhamento dos voluntários em instituições desta natureza, integrando-os e deixando crescer os seus talentos”, concluiu.
A Irmã Irene Guia e o empresário Rui Castro Martins, responsáveis da Fundação, explicaram o projecto em curso na Fonte da Prata. A Irmã Escrava contou a história da Fundação, que se iniciou em 1992, ou melhor, em 1984, quando entraram pela primeira vez na Fonte da Prata, começaram com sala de aulas e campos de férias. Em 1992, fixaram-se mesmo na Fonte da Prata, sempre a crescer. Agora, em 2012, deram outro salto, criando a Fundação Santa Rafaela Maria. “Depois daqui, outras coisas hão- de surgir”, disse, convicta, a Irmã Irene. Rui Castro Martins confessou as muitas emoções que este projeto lhe tem feito sentir. “Nós fomos apresentados como os responsáveis pela Fundação, mas os verdadeiros responsáveis são muitas Irmãs, os voluntários que, no dia-a-dia, se empenham no trabalho de formação de todos aqueles que são acolhidos nos diferentes projetos em curso na Fonte da Prata”, salientou. E fez ainda notar que esta Fundação não nasce do zero, assenta em projetos que já existem, levados a cabo pelas Irmãs, os voluntários e os utentes que beneficiam desses projetos. “Hoje, demos mais um passo e desejamos que a Fundação possa ‘crescer com sentido’, como é seu lema”, concluiu.
A seguir, foi apresentado um documentário, feito internamente por voluntários, orientado por Maria Albuquerque Lopes, que pretende mostrar aos que não conhecem e lembrar aqueles que vivem de perto os projetos que estão no terreno, que poderão ser a raiz de um projeto muito mais abrangente no futuro.
Num pequeno painel, orientado pela jornalista Laurinda Alves, foram dados testemunhos sobre o voluntariado, nomeadamente por: a Irmã Ania Maria Ramirez, responsável pelo CLAII; Célia Costa, que frequenta o curso de formação de pais; a fadista Carminho, que foi voluntária na Fonte da Prata e numa acção de voluntariado na Índia; o jovem Dinis, responsável pelo voluntariado e pelos campos de férias, na Fonte da Prata; e a Irmã Rita Cortez, responsável pelo TASSE.
Na animação, esteve em palco o Grupo de Dança do TASSE, com danças de origem africana, muito aplaudidas. Uma presença enorme no palco foi a da atriz Daniela Vieitas, também ela voluntária, que num expressivo monólogo partiu de um lugar de nada e deu a volta ao mundo, regressando à Fonte da Prata onde constatou que, afinal, ali havia a multiculturalidade que tinha observado noutros lugares do mundo. Excelente.
A encerrar a festa, Mafalda Veiga, igualmente uma voluntária, cantou três ou quatro melodias, como ela sabe cantar. “Para mim é um privilégio, estar a participar nesta comemoração de um projeto que está no lado bom das coisas, onde eu vou estar e de que eu vou fazer parte”, agradeceu.
No fim, foi servido um Cálice de Porto.
A Fundação Santa Rafaela Maria
A Fundação Santa Rafaela Maria foi criada pela Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus em Portugal e tem por missão a educação e promoção do desenvolvimento integral humano e cristão da pessoa, sobretudo das crianças e jovens mais carecidos, sendo “crescer com sentido” o seu lema.
O ano de 1992 marca o início desta obra, quando a Congregação das Escravas funda uma comunidade de irmãs no bairro da Fonte da Prata (Alhos Vedros – Moita), um bairro social com cerca de 5000 habitantes, na sua maioria de origem africana, de fracos recursos económicos em situação de desemprego ou de emprego precário.
Ao longo dos anos foi preocupação da Congregação dar resposta às necessidades mais urgentes do bairro e do concelho, desenvolvendo, promovendo e criando equipamentos e infra-estruturas capazes de responder às situações de maior carência e vulnerabilidade em diferentes campos de intervenção e para diferentes públicos alvo.
As principais áreas de intervenção desta comunidade são o TASSE - Centro de Educação Não Formal e Formação Profissional, e o CLAII - Centro Local de Apoio à Integração dos Imigrantes. O TASSE teve início em Fevereiro de 2005, decorrente de uma candidatura ao Programa Escolhas 2ª Geração, no âmbito da prevenção do abandono e do insucesso escolar. Os resultados deste programa têm sido surpreendentes como é o caso do sucesso na taxa de transição de ano lectivo: 97% dos jovens entre os 7 e os 18 anos que frequentam este programa, no último ano lectivo.
A Congregação organiza e desenvolve outras actividades no âmbito do apoio à comunidade, como o apoio às famílias, o combate ao desemprego e apoio à integração na vida activa; e ainda desenvolve actividades de carácter religioso e humano, designadamente actividades pastorais e de promoção e formação humana. Estas actividades são na sua generalidade desenvolvidas numa casa de oração em Palmela.
Na continuação destes projetos, e na necessidade de coordená-los e permitir a sua sustentabilidade, surge agora a Fundação Santa Rafaela Maria.
In Jornal o RIO