
Sedentarismo e Exercício Físico
Se eu dissesse a todos que possuo uma fórmula que vai fazer com que vivam mais, evitar – e mesmo curar – algumas doenças, viverem mais felizes e torná-los mais fortes e saudáveis, provavelmente estariam dispostos a pagar uma boa quantia por ela. Mas, se eu vos disser que ela é de borla? Provavelmente reagiriam com cepticismo e diriam: “é bom demais para ser verdade”; “ninguém consegue algo por nada, ou melhor, ninguém dá nada sem algo em troca” ou melhor, “se é tão bom assim, porque nem todos a possuem?”.
A verdade é que eu possuo tal fórmula e afirmo, ela não custa nada. Mas vocês não podem tê-la! Devem sim, fazer um investimento, e a fórmula é: praticar exercício físico. E se o investimento for de pelo menos 30 minutos, três vezes por semana num exercício físico moderado a vigoroso, todos poderão obter benefícios para a saúde e bem-estar. Portanto a questão é: “se é tão bom assim, porque nem todos a possuem?”. Provavelmente uma grande maioria tem consciência, a partir das próprias experiências e observações de que a maioria da população não tem feito esse investimento.
Um estudo realizado pela Faculdade de Motricidade Humana a um universo de 6000 portugueses conclui que 77% dos homens são inativos e 64% das mulheres não pratica qualquer tipo de exercício físico. Na população idosa a prevalência da inatividade é um pouco mais reduzida. As crianças são outro grupo onde a intervenção é fundamental. Apenas 30% das crianças portuguesas atingem os 60 minutos de atividade física recomendada por dia, aumentando a prevalência de excesso de peso e obesidade nas camadas mais jovens. O estudo Eurobarometro de 2010 indica que 55% da população portuguesa é inativa e que as doenças associadas ao sedentarismo terão provocado a morte a 7108 pessoas. Neste cenário, o sedentarismo é hoje o maior fator de risco comunitário para a saúde em Portugal, sendo que a diminuição da sua prevalência é um contributo significativo para evitar doenças e aumentar a qualidade de vida. Mas os efeitos negativos de um estilo de vida pouco ativo não se fazem só refletir na doença. Tem também reflexos muito significativos ao nível económico, individual e comunitário. Dados de vários países indicam que este custo é muito elevado (CDC, 2002). Por exemplo, a razão custo/benefício relativamente ao absentismo é de 1/4,9 e às despesas com os cuidados de saúde é de 1/3,4. Para cada euro investido em programas de promoção as saúde envolvendo a atividade física verifica-se uma redução de 4,9 euros nos custos com o absentismo e de 3,4 euros com os cuidados de saúde. Para além deste efeito na economia associada aos segmentos mais produtivos das populações, destaca-se também o facto de em ambos os sexos se verificar nas pessoas sedentárias maiores custos com os cuidados primários de saúde, podendo corresponder a um aumento da ordem dos 30%.
Porquê fazer exercício físico?
Para promover a saúde e o Bem-estar. As pessoas ativas têm mais energia, autoconfiança e resistência à fadiga! Alguns benefícios reconhecidos pela prática regular do exercício físico:
. Reduz o risco de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, alguns cancros;
. Desenvolve e mantém a capacidade funcional dos ossos, músculos e articulações, ajudando a prevenir a osteoporose;
. Para os jovens, a prática regular de exercício físico têm efeitos benéficos nos seguintes aspetos da saúde: Peso corporal; Força muscular; Aptidão cardiorespiratória; Massa óssea; Pressão arterial; Ansiedade e Depressão.
Adicionalmente, nos jovens:
. Promove um crescimento saudável e aumenta o desempenho escolar;
. Enriquece o reportório psicomotor;
. Ajuda a prevenir e controlar comportamentos de risco, como o tabaco, a violência, o álcool, a dependência a outras substâncias e a adesão a dietas pouco saudáveis.
Prof. Luiz Santos