sábado, janeiro 01, 2011

Um ano de simplicidade


Chegamos ao início deste novo ano com a sensação de que estão para começar tantas coisas importantes, entre sonhos e desejos, entre compromissos já marcados. Um novo ano é sempre um tempo de energia e motivação, uma espécie de “agora é que vai ser” ou “chegou a altura de…”.

Porém, um olhar mais atento ao ano que começa leva-nos a colocar algumas questões que, por muito que queiramos, não podemos evitar. Vivemos um tempo em que a palavra do dia é a crise. E temos a certeza que este ano que começa será um ano em que não deixaremos de sentir os seus efeitos. Percebemos a instabilidade que nos pode trazer e àqueles que conhecemos, para além do sentimento de insegurança, desencanto, sensação de que o país vai de mal a pior, etc. É fácil que a desmotivação e a crítica sejam um dos temas principais das nossas conversas de café.

Se, por um lado, é importante ter consciência de que não estamos a viver tempos fáceis, por outro, somos desafiados a tentar criar, desde nós mesmos, um modo diferente de nos colocarmos perante a vida e os seus desafios: a capacidade de olhar uma crise como oportunidade de desenvolver o que está ao meu alcance, de aprender com a experiência, de ser mais atento às consequências do que fazemos quando não pensamos muito nos seus efeitos. A crise acaba por se instalar devido aos pequenos consentimentos que todos vamos fazendo às injustiças e desequilíbrios já estabelecidos, sem tomar uma opção clara por algo que seja contra-corrente.

Este ano poderia ser uma oportunidade de sermos mais nós mesmos, de vivermos de forma mais simples, despojada, sem grandes preocupações em ter tudo, mas muito mais centrados em ser mais, em estar de forma mais inteira. Sobretudo em agradecer os mínimos detalhes e dons de cada dia, não fazer tantas contas de dinheiro mas muitas mais contas de relações positivas, simples e abertas a quem precisa de atitudes de esperança e compromisso.

Pe. António Valério sj