segunda-feira, novembro 01, 2010

Vida. Para sempre.


Com Novembro, aceitamos que chegou, efectivamente, o Outono. Os dias ficam mais pequenos. As cores suavizam-se. Somos convidados a ficar mais em casa. Na nossa. Na dos amigos. Naquela que é o interior de cada um. O nosso de espaço de estar parece mais limitado. Parece haver mais lugar para o silêncio.

No início de Novembro, a igreja convida-nos a visitar este silêncio, a fazer memória daqueles que povoam a nossa vida e o nosso coração. Os que nos precederam e, de alguma forma, marcaram e marcam a nossa identidade. Somos convidados a olhar o ser humano que experimenta a impotência , os seus limites e a sua finitude. Pensar num ser humano, sem pensar na morte, é pensar num ser que não seria humano. Somos seres limitados. E ainda que possamos, por vezes, parecer viver sem experimentar os nossos limites, há sempre um tempo que chega em que eles se fazem sentir. Fazer memória da morte de alguém que nos é querido, que faz parte da nossa vida, é tomar consciência da nossa humanidade, da nossa fragilidade. Fazer memória da morte de alguém é pedirem-me para acolher algo que nunca poderei compreender totalmente. Fica a saudade. Fica a recordação. Mas, principalmente, fica a vida que foi aceite viver. E que fica, para sempre, a fazer parte da minha vida, em comunhão.

Margarida Corsino da Silva