sexta-feira, outubro 30, 2009

Às sextas com ..... a Margarida



Saudade


O amor é assim…

Não se explica apenas se sente ou não.

Ninguém nos ensina a amar é intrínseco e talvez genético.

A formula do amor também ninguém a sabe.

Ou se a descobriu guardo-a consigo sem partilhar.

A maior prova de amor é libertar alguém que sofre.

Na altura certa partiste…

Mas o egoísmo é imenso e nesse momento em que nos sentimos mais humanos, frágeis e vulneráveis.

Temos a perfeita noção de como somos insignificantes, impotentes…

Confesso que perdi a minha árvore, o meu porto de abrigo, a minha âncora.

Senti-me perdida…

Avó, sinto falta do teu cheiro a pó de arroz e a perfume, das tuas mãos que seguravam as minhas, dos colares com contas de vidro azul que punha à volta do meu pequeno pescoço e cantava em cima da tua cama imaginando ser grande!

As histórias dos teatros,

Os fados da Amália e das longas lágrimas que vertiam dos teus olhos, quando a ouvias…do amor impossível que viveste com o meu avô.

Da coragem de seres mulher.

Do coliseu cheio quando me levavas ver o Circo, das viagens no eléctrico de janela aberta, mesmo no Inverno, do miradouro de Santa Luzia e das flores que parecem uvas e… Lisboa!

Do teu imenso colo, das nossas gargalhadas pela noite.

Da cumplicidade, da ternura, do amor…das palavras, dos olhares.

Este amor que sinto e não consigo extinguir.

As lágrimas de saudade que não consigo conter, são o amor mais puro.

Aquele que ninguém aprende e apenas sabe que sente…e se traduz em Saudade.

E tu sabes ler o meu coração.


Dedicado a Alzira Vieira nascida a 22 de Outubro 1916