terça-feira, outubro 14, 2008

Testemunho

-------------------------------------------------------------------------------------------------
Este ano foi o ano do casamento do meu amigo Nuno Capucha, do qual tive a honra de estar presente.
Pedi-lhe para escrever um texto para este blog sobre a sua "nova vida" de casado, aqui fica o seu testemunho :
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Olho para a minha mão esquerda e descubro como começar este testemunho sobre o matrimónio. A resposta às questões que se atropelam na minha mente está no anel de casamento; na minha aliança…

Contrai matrimónio em 2008-08-02, como podem ler no registo lateral impresso pela máquina que fotografou as nossas mãos. No interior das alianças, confidencio-vos, inscrevemos, para além da data e do nome do cônjuge, a frase “Para Sempre”. Não fomos originais. A senhora que nos atendeu na ourivesaria disse-nos, agradavelmente surpreendida, que também ela tinha na aliança uma frase: “Sempre Teu”. E que na aliança do marido consta a frase “Sempre Tua”.

Porquê para sempre? Quando sugeri à minha esposa que gravássemos a frase, não me ocorreram profundas questões teológicas. Simplesmente, amava-a naquele dia, amo-a hoje e está nos meus planos amá-la para sempre. Concretamente, por toda a eternidade (a morte termina com o laço do casamento, mas não pode apagar o amor dum coração)! A aliança que trago no dedo é símbolo do compromisso que assumi para toda a vida com a mulher que desposei. E tal como a Aliança do Velho Testamento, que Deus honrou sempre, apesar da infidelidade de Israel, tal como a Nova Aliança, celebrada com um cálice transbordando com o sofrimento e sangue de Cristo, não tem prazo de validade.

A pessoa que ama pode estabelecer prazo para o amor? À semelhança de Deus, sabemos que não. È uma verdade que está incrustada na história das relações entre homem e mulher, de todos os tempos. Eu sei-o. A senhora da ourivesaria também o sabe.

O amor não tem prazo - nem medida, como escreveu Santo Agostinho. E, naturalmente, conduz à união pelo matrimónio, que é indissolúvel. Remeto-vos para São Mateus, capítulo 19, versículos 3 a 9.

Cabe-nos a nós, católicos, a responsabilidade de continuar a defender o que é verdadeiro e justo, perante as ameaças ao matrimónio. Em 1865, os católicos batiam-se contra a instituição do casamento civil (imposto pelo primeiro Código Civil, aprovado em 1867) por, entre outras razões, nada mais ser do que um contrato, semelhante a um contrato comercial. Não é curioso que, em 2008, nos batamos contra o projecto do novo regime jurídico do divórcio, do qual emana uma visão “contabilístico-comercial” do casamento? Aconselho uma visita a www.presidencia.pt.

Qualquer outra união, ainda que aprovada por uma lei, é uma pálida e aberrante cópia do matrimónio. Com todas as consequências que uma cópia mal feita acarreta. Posso falar-vos, com conhecimento de causa, de uma lei: a lei 7/2001, que adopta medidas de protecção da “união de facto”, essa espécie de novo estado civil. A mim, pessoalmente, traz-me grandes dores de cabeça na minha vida profissional. Porque há pessoas que vivem, de facto, em união de facto, mesmo que não reúnam todos os requisitos na lei. É um mundo de requerimentos, certidões, avaliações superiores, etc. Uma união que é como um casamento, mas não é um casamento… Até mesmo os meus colegas mais liberais murmuram: “Bolas! Casem-se!”.


A lei 7/2001 foi criada para regular a situação jurídica de duas pessoas, independentemente do sexo. Percebe-se qual era a meta subjacente…. Que agora surge na nossa sociedade, como mais uma bandeira do modernismo: o casamento entre pessoas do mesmo sexo.


Naturalmente, após o casamento, vêm os filhos. Como não há transmissão de vida numa relação desse género, homossexual, restam os animais de companhia – ou a adopção de crianças – para a substituir. Daqui a poucos anos, quando mais estes projectos fracturantes forem adiante, saberemos, à custa da nossa desilusão, no que resulta um ser humano ser educado só por “pais” ou por “mães”.

Nuno Capucha