quarta-feira, maio 21, 2008

Para onde caminha a “Polis”?



A polis, sinónimo de cidade, era o modelo de organização politica das antigas cidades gregas, da Antiguidade Clássica.

É sobre cidades me proponho hoje escrever.

As grandes cidades caminham para uma situação dramática. Constatar este facto é ver-mos os ricos fugirem das cidades e irem viver para meios rurais – muitas vezes em zonas reservadas protegidas - rodeados por muros altos e serviços de alta vigilância. O “caos” que se está a tornar as cidades, esse, fica entregue aos pobres.

Passo a explicar. Hoje em dia, o sistema capitalista foge das cidades, entregues cada vez mais aos dramas da criminalidade, ao trânsito, ao stress, ao cansaço, à poluição, aos problemas dos transportes públicos, ao tráfico de droga e à insegurança. Ao inverso os pobres, fogem das zonas rurais para se tornarem mãos de obra barata nas cidades.

Pergunto me, tantas vezes, que sociedade é esta que estamos a construir? Em que tudo circula em redor do dinheiro, da beleza, das formas de facilitação e promoção do lucro. Nada, ou muito pouco, é feito para promover e apoiar a vida e a defesa dos direitos de quem mais precisa.

O TER quebra todas as formas de solidariedade porque vê nela resistências ao seu desenvolvimento. O SER dá força aos trabalhadores e aos mais pobres. O TER pretende reduzir, o mais possível, a força dos mais pobres para que estes estejam sempre mais disponíveis para as suas necessidades. O SER perde cada vez mais vida junto das famílias, da vida social dos seus bairros e na participação associativa. Vejamos a título de exemplo, algumas colectividades, hoje em dia, tornaram-se autênticas “tascas”, onde a presença jovem é cada vez mais diminuta.

Há algo que tenho reparado nas nossas Polis, e que as industrias e outros comércios também já descobriram. Afinal estão a ser prejudicados pelas próprias desordens que criaram, estou a falar do congestionamento dos transportes. Este tormento, condiciona a chegada da matéria-prima, a saída de produtos, mas também a circulação das pessoas que “vivem” cansadas e stressadas e tantas outras coisas que impedem estas de facturar obrigando as empresas instalarem-se fora da cidade.

E quem perde mais uma vez com isso? Os mais necessitados. Autenticas massas humanas, pobres, condenadas a buscar trabalho longe da sua moradia o que torna a sua vida ainda mais incómoda.

Como foi possível, em tão pouco tempo, certos valores e princípios se terem alterado tanto?

Recordo-me que quando era criança fazia excelentes passeios com os meus pais em Lisboa, pela Rua Augusta ate a Av. da Liberdade ou então íamos até Belém. Hoje em dia, os grandes símbolos das cidades são os centros comerciais onde a doença do consumo faz as pessoas comprarem, comprarem, comprarem e tantas vezes até com dinheiro que não têm.

Já passou à história o “sonho” daqueles que vinham para as grandes cidades em busca de uma vida melhor e com mais qualidade, apesar de ainda existir no interior do país jovens fascinados pela cidade vista de longe como um lugar de realização pessoal.

Na realidade, o que vejo é cada vez mais pessoas pobres ou então outros na esperança de um pouco de dinheiro para poder comer, um emprego mesmo que precário para manter.

O ideal das cidades e o deus que ela venera actualmente, chama-se Dinheiro.

Porém esse dinheiro está somente ao alcance de uma minoria.

Amigo leitor,

Pergunto: Para onde vamos? Para onde caminha a “Polis”?
Cláudio Anaia