terça-feira, abril 08, 2008

Lara no… País das Maravilhas


De uma querida amiga de Toronto no Canadá recebi este texto que partilho convosco.
Lara no… País das Maravilhas
Todos nós temos um sítio onde, de vez em quando, vamos escapar deste mundo. Onde podemos ser nós próprios sem sentir nenhum julgamento de ninguém. Sem constrangimento. Por mim... deparo comigo a ir até lá quase sempre que posso. É lá onde vou depositar as minhas alegrias, tristezas e muitas vezes as dúvidas. Qualquer incerteza que possa ter, qualquer obstáculo que queira ultrapassar, ou preciso de alguma opinião, lá vou até esse sítio e... lá me encontro com os meus amigos.

Lá toda a gente sabe o meu nome. Toda a gente conhece a minha alma. Quase nunca preciso de pronunciar uma só palavra, já que eles sabem o que se passa comigo através do meu olhar. Até parece que já entraram na minha cabeça, a ler os meus pensamentos.

A natureza também me conhece. Falo com os pássaros, com as ondas do lago, com as árvores algumas das quais a terem mais anos que a minha existência.

Todos estão lá para ajudar. Para encontrar uma solução nesta longa viagem que é a vida.
Esse sítio é um paraíso. É imenso. Portas não existem, pois é tudo ao ar livre. Quem lá for, jamais sairá sem jurar que há-de voltar. O Amor reina e, embora não se possa ficar por lá para sempre, a saudade fica... fica à espera de novo reencontro. Todos os pássaros que por lá se cruzam com as pessoas, falam connosco com o seu olhar meigo. Compreendem-nos. Entendem o nosso sofrimento, que no fundo, é o mesmo deles. O sofrimento de querer sobreviver neste salve-se quem puder. Eles também querem ser aceites por aquilo que são. Não é isso realmente o que todos queremos? Querer ser reconhecidos pela pessoa maravilhosa que somos interiormente, verdadeiramente...

As árvores também se queixam do mesmo. Que ninguém as aceita e não as valorizam por aquilo que fazem a este mundo, onde são de facto, peça importante.
Neste sitio – no nosso sítio - as nossas baterias são carregáveis. Ganhamos forças que nem sempre nós próprios imaginamos ter.

Lá podemos brincar, passear, trocar impressões e ouvir realmente o que os outros nos têm para dizer. E tudo isso, em troca de nada. Damos os nossos minutos e mais tarde alguém dará os seus. Sorrisos espalham-se pelo ar. Lá não existe um a fazer mais que o outro. É tudo por igual. Quem tiver o seu astral menos alto, toda a equipa estará disposta a dar força para levantar.
Ajudar o próximo é a chave neste país de maravilhas. As ondas até cantam a sua canção. É impossível ficar triste por lá e cada um pode sempre trazer mais um. São sempre aceites. A tua verdadeira pessoa sobressai por lá. Todos estão à vontade de dizer o que pensam, sem receberem olhares de desaprovação. Se apetecer gritar, ninguém irá mandar-te calar. Se as lágrimas aparecerem na face, essas lágrimas não virão sozinhas, pois todos por lá chorarão contigo.

Se precisares dum abraço, todos os braços possíveis estarão estendidos. Abundância de beijos não falta. Asas existirão para te ajudar a voar para novos horizontes. Sonhar é o principal neste sítio. Todos quantos lá aparecem, têm todos aspirações. Sonham, às vezes, com o impossível... sabendo que um dia irão obter o que querem.

A determinação reside por lá. Ninguém se queixa de persistência, pois sabem esperar. Sabem que boas coisas acontecem a todos quantos são pacientes. Lá o tempo não tem pressa. Pois a vida é feita de momentos e quem por lá passar, sabe aproveitar esses momentos a cada passo.
Na nossa imaginação, somos tudo o que queremos ser. Não há pressa. Apenas momentos. Vivemos a cada passo. Nós é que desenhamos a estrada da nossa circulação. E embora a obra prima possa já estar pre-destinada, a escolha do rascunho é para descobrir. É tão bom podermos escapar para o nosso pequeno mundo grande .... Como disse o famoso Richard Bach, `se queres estar junto de quem amas, não te pareça que já lá estás?'
Lara Ingrid