quinta-feira, janeiro 03, 2008

Tenacious D in The Pick of Destiny, de Liam Lynch


Tive algum tempo a decidir se deveria ou não aventurar-me por este projecto de Liam Lynch, mas estava curiosa acerca do que sairia de umas mãos que não estão habituadas a grandes produções cinematográficas, com o público alvo a ser o que este Tenacious D acabou por ser.

Não entendo bem a razão do porquê de eu ao ouvir Jack Black a cantar um “The Government Totally Sucks” me lembrar subitamente de Adam Pascal na sua personagem Roger a entoar “One Song Glory” no magnífico musical de Chris Columbus, Rent. Mas aconteceu.Tenacious D pelo que me foi permitido perceber começou por ser um projecto autobiográfico de Jack e Kyle Gass, fundadores da banda “The D”, nome no qual foi posteriormente inspirado o título da comédia. Depois de ser criada uma legião de fãs, Tenacious D calha que nem ouro em bolso vazio.Jack Black na personagem dele próprio é sincero, mas sem o querer ser é o que o faz ser tão bem sucedido a cativar-nos no seu rock & roll entusiasta e espontâneo.

A fraca tentativa de fazer de Tenacious D uma obra-prima entrega pontos a favor, ao contrário do que aconteceu em Nacho Libre. Na verdade Tenacious D não é um projecto grandioso, é uma quase sátira autobiográfica, mas são 83 minutos que valem a pena serem perdidos na causa Black & Glass.Não há uma razão suficientemente forte para se apreciar realmente este Pick of Destiny que o duo nos traz, mas mesmo sem fazer muito sentido, as gargalhadas são algumas e sinceras, e mesmo quando não as há parece que fica o sentimento que estamos quase a chegar a um bem estar eterno. Mas lado a lado com Sacha Baron Cohen e Will Ferrell, para referir alguns dos maiores focos de comédia do ano passado (de há dois anos digo!),

Jack Black foi, sem se querer realmente, afundado por um esquecimento breve e frio.O destino e o êxito do duo é limitado, e todo o filme se estilhaça à volta de uma procura e conquista de um objecto pouco maior que um dente, no verdadeiro sentido da palavra. Mas desta é sem hobbits e ants, e Sauron, mas é uma epopeia que tem pouco de seriedade e algum coração à mistura. E isso é que torna este projecto tão agradável.Isso e a presença de algumas carismáticas figuras, impossíveis de deixar de lado: Ben Stiller, Tim Robbins e Meat Loaf entregam valor ao projecto, e guiam-no num sentido mais aceitável, servindo tanto como reguladores de uma confusão profunda como o levam num sentido mais sombreado e obscuro.

Assim, dá para nós espectadores saborearmos também um pouco do prazer com que eles se lançam em palco, no à vontade genuíno dos passos que dão, no talento quase ilimitado das suas vozes e do seu dedilhar; e nesse aspecto nada em Tenacious D falha. Penso que acima de tudo este filme é para eles. Para eles há um objectivo, para eles poderá e, com quase toda a certeza, ser uma diversão bruta e pura. Para nós, se esquecermos os factores que normalmente caracterizam um bom filme e nos focarmos numa comédia quase infantil, Tenacious D quase se transforma em Nirvana. Metáforas à parte.

Madalena Tavares