
Um concurso sem quaisquer escrúpulos que indigna quem quer continuar sóbrio e a ver televisão sem “morrer intoxicado” com telelixo.
Pois é!... A manipulação de sentimentos de jovens anónimos, como o “Big Brother” teve como resultado o que aconteceu ao Zé Maria... Vamos ver, agora, com estes “noivos”, como é que isto vai acabar, numa falta de vergonha com algo muito sério, a união de duas pessoas.
Na minha opinião, a Alta Autoridade Para a Comunicação Social (que por vezes não sei para que é que serve) já devia ter posto um travão a este tipo de programas. O governo, que deveria zelar pelo interesse público, há muito já deveria ter criado uma lei específica para acabar com estes ataques à dignidade, para acabar com esta degradação.
A televisão existe para dar dinheiro, apenas para o lucro. O que não posso concordar é que, para atingir esse objectivo, se sirvam, de uma forma vergonhosa, do ser humano, expondo-o a impactos e sensacionalismos.
A TV é cada vez mais, uma guerra de audiências, um fenómeno socioeconómico, que cada vez é menos “sócio” e mais “económico”. Cada vez pior e com menos qualidade.
Este programa até coloca os ditos “jovens casamenteiros” a cantar e a dançar, servindo-se dos mesmos como marionetas, colocando os seus rostos permanentemente sob holofotes, vulgarizando os seus gestos, expressões, passos, fazendo-os viver, dia após dia, a representar uma farsa que tem tanto de improvisada como de medíocre.
Vamos lá ver se vai haver envolvimentos, sexo, violência e infidelidades e todos os mais comportamentos anormais, porque, se assim for, melhor ainda: é disso que o povo tanto gosta e a produção também.
Sou um optimista por natureza, mas estou preocupado. A auto-estima e outros valores, como a privacidade, que ainda há bem poucos anos nem sequer eram postos em causa, foram esquecidos.
O país rendeu-se aos que trocaram a sua privacidade por valores mercantilistas. Um ataque à intimidade, formalizado com um contrato e tudo.
Quando será que as pessoas entendem que este tipo de programa não passa de um negócio?
Um contrato em que uns tantos abdicam da sua privacidade, para que outros a possam, tranquilamente, “violentar”, de preferência com o maior número possível de espectadores e de lucro.
Para mim, seria provavelmente mais cómodo assistir, calado e resignado, a estes telelixos a que o Bispo de Liverpool apelidou de “Zoo Humano”. No entanto, apesar de com este meu texto dar alguma importância a este tipo de programas, faço-o com o objectivo de contribuir para a consciencialização do balanço negativo que este tipo de programação gera, principalmente, nas nossas crianças e adolescentes.
Caro leitor, espero que quem pode e quem manda perceba isto um dia.
Cláudio Anaia