quinta-feira, julho 12, 2007

Portugal atinge mínimo absoluto de natalidade


Em 2006 Portugal registou a taxa de natalidade mais baixa desde que há registos. A demógrafa da Universidade de Aveiro, Maria Luís Rocha Pinto, diz que no nosso país o fenómeno tem sido "mais tardio e rápido" e não tem sido encarado pelos poderes públicos numa perspectiva global.

São as taxas de natalidade e fecundidade mais baixas desde que há registos. Os dados do Instituto Nacional de Estatística – referidos hoje no âmbito do Dia Mundial da População – mostram que em 2006 nasceram em Portugal 105.351 bebés, menos 4.100 bebés que no ano anterior.

A demógrafa da Universidade de Aveiro, Maria Luís Rocha Pinto, refere que estes índices só não foram atingidos antes devido aos elevados fluxos de imigração, que o país recebeu em anos recentes, que ajudaram a atenuar o declínio da natalidade.

O número médio de filhos por mulher caiu de 1,41 para 1,36, o que significa que Portugal se afastou mais da média europeia que em 2005 era de 1,52 filhos por mulher fértil.

Segundo o INE, o período entre 1987 e 2006 caracteriza-se por um decréscimo da taxa de natalidade (número de nados-vivos por mil habitantes) de 12,2 para 10, por um adiamento da maternidade e pelo declínio da fertilidade.
Se no início do período em análise os valores mais elevados das taxas de fecundidade se verificavam nos grupos etários 20-24 e 25-29 anos, nos dois últimos anos é no grupo dos 30-34 anos que esta taxa é mais expressiva.
“Não é um problema só Português, mas o nosso processo de transição demográfica foi mais tardio e rápido”, referiu ao Expresso Rocha Pinto considerando que esse facto tem contribuído para que os diversos governos não tenham tido até aqui a capacidade para “encarar o problema numa perspectiva global”.
A demógrafa da Universidade de Aveiro afirma que a inversão da situação não será possível apenas através de políticas natalistas e que terá de passar por políticas nacionais integradas, nomeadamente medidas de combate a desertificação do interior, de incentivos fiscais e de segurança social.
Portugal é acompanhado neste acentuado declínio da natalidade por outros países do sul da Europa e da Europa de Leste. Países como a Itália e a Letónia registam valores de natalidade ainda mais baixos que o português.

Alexandre Costa
Jornal Expresso