Em Portugal nascem cada vez menos bebés. Contas feitas, estima-se que para uma renovação de gerações, ou seja, para que o número de partos fosse superior ao número de óbitos, seriam necessários mais 47 mil nascimentos por ano. Isto porque nas duas últimas décadas a quebra na natalidade fez com que ‘não nascessem’ 900 mil crianças.
A interpretação é feita pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) face aos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao número de nascimentos no País.O presidente da APFN, Fernando Castro, explica: “Para haver uma renovação de gerações era necessário que nascesse uma média de 2,1 filhos por cada mulher.
Para que isso acontecesse seriam necessários mais 47 mil nascimentos. Ora isso não acontece, porque a média de nascimentos por cada mulher é de apenas 1,4.”O panorama da fecundidade em Portugal é ainda mais negro, segundo Fernando Castro – pai de 13 filhos, com idades que variam entre os quatro e os 32 anos. É que desde 1983 tem-se registado uma diminuição contínua do número de partos. A consequência do défice demográfico traduz-se em números: nasceram menos 900 mil crianças.“Essa falta de nascimentos faz com que hoje se fechem escolas, a seguir as universidades também serão encerradas”, afirma.
FUTURO “DRAMÁTICO”
Fernando Castro sublinha que as perspectivas futuras “são dramáticas, uma vez que gente que não nasce não vai estar a trabalhar e por isso não haverá pessoas suficientes para pagar as pensões de reforma e contribuir para a sustentabilidade da Segurança Social”.Esta conclusão leva o dirigente da APFN a defender que o número de filhos devia ser um factor a entrar para o cálculo da pensão de reforma das famílias. Pela mesma lógica, Fernando Castro considera o referendo sobre o aborto “um disparate”.
In Correio da Manhã - 2006-12-02