terça-feira, maio 11, 2004

Relance 157

Desabafos de um Jornalista

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Ser Jornalista é...

Tenho-me vindo a interrogar acerca da profissão de jornalista. O que é, de facto, um jornalista? Segundo o Estatuto do Jornalista (Lei n.º 1/99 de 13 de Janeiro), "São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, selecção e tratamento de factos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão electrónica".
Diz, ainda o n.º 2 do artigo 1º deste mesmo diploma que, "Não constitui actividade jornalística o exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza predominantemente promocional, ou cujo objecto específico consista em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições, empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial ou industrial".

Ora, fazendo uma avaliação daquilo que fiz nos últimos dois anos e dois meses, foi precisamente este (o n.º 2), o meu trabalho ao serviço deste "magno diário nortenho".

Contudo, e como se o que fiz não bastasse e/ou fosse suficiente para incrementar o meu Curriculum Vitae, perdi meia hora do meu precioso tempo a compilar e a reunir na minha mente, tudo aquilo que fiz e/ou desempenhei.

Comecemos pela fotografia. Sim, era eu que tirava todas as fotografias que ilustravam as minhas "reportagens" e, verdade seja dita, captei excelentes fotografias; muitas delas, muito mal empregues para as publicações onde sairam.

Em segundo lugar, e ainda relacionado com a fotografia, muitas vezes fui eu ao laboratório de fotografia comprar rolos para a secretária do Sr. director ter em stock para nos dar; não tiveram conta as vezes que fui ao laboratório levar rolos para revelar ou buscar negativos já prontos para serem digitalizados. E olhem que o laboratório não era "ali ao lado"; da redacção ao dito cujo, distavam quase 4 quilómetros... era o mais perto que havia daquele fim do mundo onde trabalhavamos...

Terceira função do jornalista: estacionar os carros na garagem. Quantas e quantas vezes não tirei eu da garagem aqueles ferros velhos pela manhã; quantas e quantas vezes não os voltei a colocar lá ao fim do dia...

Quarta função: levar os carros à oficina. Só a bendita daquela DV, teve o privilégio de ser eu a leva-la duas vezes para lhe mudarem o óleo. Isto, sem contar com aquela vez que a levei a uma oficina, na Maia, perto da fábrica da Milanesa, para lhe fazerem uma "limpeza, porque tinha que ir à inspecção"...

Quinta tarefa: Digitalizar fotos, tratar fotos, colocar fotos nos cadernos/suplementos. Quantos dias não fiquei lá, quase até à meia noite a fazer trabalhos que não me competia faze-los??? A verdade é que eu até gostava daquele trabalho; e mais gostaria se me tivessem pago por ele, principalmente as várias centenas de horas extraordinárias que trabalhei. Dos meus chefes, nem um obrigado lhes ouvi... tudo era obrigação.

Em sexto lugar, vem a paginação. Não pescava nada daquilo, ao início, confesso. Mas como sou bom de olho, depressa aprendi todos os truques e todos os passos para trabalhar com o Pagemaker. O melhor professor, como não há nenhum no mundo é o Dani. Tinha sempre uma paciência de mestre para explicar tudo. E o aluno aqui, aprendeu tudo certinho e direitinho. E ficavam excelentemente bem paginadas as minhas maquetes.

Em jeito de conclusão digo que, o que me deixa verdadeiramente contente, e isso posso grita-lo aos sete ventos, é que JAMAIS, EM TEMPO ALGUM encontrarão outra pessoa versátil como eu, que faça o que eu fazia, com a qualidade e rapidez com que o fazia.

E esse é, ninguém o pode negar ali dentro, o meu grande orgulho!!!

Joel
Diário de um Jornalista